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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Ser de Iansã

Ser de Iansã
É ter um exército de loucos
a avançar sobre sua cabeça
e não se desesperar;
à sua frente corre Bagan. 
Mojuba, senhora dos passos firmes
que marcha e golpeia as maldades do mundo
com garra e destemor.
Nada reclamarei ao lado teu

Ser de Iansã
É ver o mundo congelar
com a frieza dos corações
e não sentir o arrepio
Que Kará já te abraçou.
Mojuba, senhora do tacho mais quente
que alimenta os filhos mesmo faminta após a batalha
De nada sentirei falta ao lado teu
Ser de Iansã
É ter o chão se abrindo sob os pés
e não se apavorar,
que quem te põe no ar é Gambelê.
Mojuba, grande mãe, senhora conhecedora dos dois mundos,
que não teme a face da morte e faz sorrir a face da vida.
Nada temerei ao lado teu
Ser de Iansã
É ver se aproximando
destruidora e impetuosa queda d'água
sem te afogar.
É Onira quem caminha sobre o rio caudaloso.
Mojuba, minha senhora, revoada de borboletas
raio de ouro na manhã de sol após a tempestade.
Que jamais perderei a fé ao lado teu
E não há provas no mundo
que superem as agruras dos seres de Iansã,
porque se o ditado diz
que Deus dá o frio conforme o cobertor,
nascemos de Iansã e de Iansã morreremos
porque não há ninguém nesse mundo
que como Ela, que nos escolheu
saiba transformar guerra e dor
em triunfo e amor.
Ser de Iansã
é conhecer o frio
e dispensar o cobertor.
Pois o abraço de Mãe é mais quente.

@barravento.oficial

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